sexta-feira, 6 de julho de 2007

Exames Nacionais... A mesma história de sempre.

Saíram hoje as notas da primeira fase dos exames nacionais, e como seria de esperar, os resultados são globalmente maus. Tenho dois irmão pequenos que estão na primária e este ano prestaram provas nas três áreas leccionadas no ensino primário. Quando os questionei sobre o que fizeram nos exames e o que acharam, disseram-me que aquilo era muito fácil. Tenho a sorte de os meus dois irmãos serem putos (alcunhas: Vanja e Pipoca) muito inteligentes. Mas sei que não somos todos assim. Onde é que se relacionam os meus irmãos com as notas dos exames nacionais? Pelo facto de frequentaram o ensino primário e prestarem provas que não serviram para nada. Acho muito importante a fase da primária para os alunos, pois é nessa fase que começam a ganhar hábitos e rotinas e não tenho dúvidas que a culpa dos maus resultados nos exames nacionais tem a sua origem no começo e decorrer da educação dos nossos alunos. Posso parecer um velho do Restelo ao afirmar isso, mas se fosse por mim, os alunos tinham que prestar provas nacionais todos os anos a todas as disciplinas para provarem o que valem e ser criado um "historial" desse aluno. Evitaríamos que alunos com negativas sucessivas a matemática pudessem optar por cursos das áreas de ciência. O mesmo se passaria na área do Português, por ser uma área quase tão importante como a matemática (para não termos exames de escolha múltipla a Português). Resumindo, apoio fortemente o aumento do grau de exigência e não o facilitismo generalizado que se instalou de modo a termos alunos burros e ignorantes mas que por terem o secundário terminado, contam para as estatísticas. E os Portugueses, como bons Portugueses que são, todos contentes com resultados médios...

5 comentários:

ڪlicKмΛη disse...

"Evitaríamos que alunos com negativas sucessivas a matemática pudessem optar por cursos das áreas de ciência."

Isso é só estúpido!

Tás a retirar poder de escolha às pessoas com base no pressuposto que se têm negativas sucessivas é porque não são capazes de o fazer e mais vale irem para outro lado.
Negas vão sempre existir, quer tu faças triagem ou não. Nessa base, de mandares alunos que chumbam a matematica estudar letras ou historia e vice-versa, acabarias por ficar com o país menos profutivo de sempre - Porque a maioría iria achar que era burra e andaría descontente com o que fazia.

...

"O mesmo se passaria na área do Português, por ser uma área quase tão importante como a matemática..."

Certo. Até aqui tudo bem. Agora fica a pergunta, Se o Português é quase tão importante como a matemática (e segundo certas pessoas até mais), porque que se aprende o que algum tipo velho e careca dissertou algures no tempo sobre uma obra de outro tipo ainda mais velho e careca(ou até morto) com linguagem que já nao se usa e com mensagens que não têm utilidade?

Porquê que não se ensina a elaborar relatórios com rigor? Porquê que não se ensina a redigir artigos científicos? Porquê que não se ensina a escrever, visto que até numa universidade respeitada como o IST somos diáriamente inundados com aberrações gramaticais vindas de alunos e até mesmo de professores.

Creio que o problema não está na inteligencia das pessoas, mas sim na mentalidade da sociedade.

Squall disse...

"Tás a retirar poder de escolha às pessoas com base no pressuposto que se têm negativas sucessivas é porque não são capazes de o fazer e mais vale irem para outro lado."

Por uma pessoa ser má numa área, não implica que não seja excelente noutra. Não digo que por aconselhar alunos a irem para outras áreas lhes esteja a dizer que são estúpidos. Tal como eu, sabes muito bem que entrar nas faculdades é fácil, sair delas é que é difícil. E pessoas com falta de motivação (para não falar de miolos) é o que não falta no IST. Provavelmente estão a ser criados maus engenheiros e a perderem-se bons trabalhadores noutras áreas. Culpa da falta de acompanhamento e imaturidade, dos alunos quando entram para a faculdade. Os testes psicotécnicos que fiz eram introduzidos num computador e era a máquina que dava os resultados (!!!). Tanto psicólogo a precisar de trabalho.

Quanto ao teu comentário sobre o Português, tenho que discordar quando dizes que não interessa saber o que um tipo careca dissertou à cem anos, porque isso faz parte da nossa cultura e história. Mas concordo na questão da gramática. Hoje em dia, temos exames de Português de escolha múltipla que dão muito pouco enfase à gramática. Quanto às aberrações de Português, podíamos enumerar centenas que eu e tu conhecemos...


Resumindo, temos tudo para ser excelentes, mas como bons Portugueses, contentamo-nos com o médio.

ڪlicKмΛη disse...

Mas lá está. Uma coisa é aconselhamento e acompanhamento. E aí concordo plenamente que se utilizem as notas para se enriquecer essa análise. Daí a impedir vai um grande passo. Sabes tão bem como eu que gostar do que se faz é o mais importante.

Relativamente ao português, deste-me a desculpa que todos dão. "É cultura."
A meu ver (e atenção que sou gente rude do campo), cultura é ler um livro, saber a história do pais e das pessoas que a fizeram. Essa parte e conseguida ate ao 10º com as disciplinas de historia. O que é feito a portugues, é analisar texto de uma forma tão profunda que começa a ser análise da cultura. Não creio que para quem esteja na área das ciencias seja muito importante para a sua formação. Porqe é disso que se trata - Formação.

Acho muito mais importante saber redigir um curriculo exemplar do que propriamente saber quais eram as figuras de estilo mais utilisadas pelo 3º heterónimo do Fernando Pessoa.

Esqueci-me de te cumprimentar no outro coment, por isso,

Abraço^2

Unknown disse...

Neste momento os alunos podem escolher o que quiserem e mesmo assim temos muita gente a optar por cursos de letras, mesmo sabendo que isso é sinónimo de desemprego, por isso a questao de nao deixar alunos com nega a matematica irem pra areas cientificas nem se coloca! a verdadeira questao, na minha opiniao, é: "Porquê tanto insucesso nas áreas cientificas? e porquê o ódio instaurado à matemática?" resposta: Nao sei! mas desconfio bem que uma mudança na mentalidade dos professores, uma mudança na forma como se ensina incluindo uma mudança na propria formaçao dos nossos professores poderia fazer a diferença! Temos no nosso país alguns exemplos de bons colegios, com bons resultados mas infelizmente só acessíveis a alguns . Axo que poderiamos começar por deixar de olhar pró ensino privado como o sítio onde se "compram notas" e ver o trabalho que fazem e transportar isso prás escolas publicas por exemplo!

Squall disse...

Em resposta ao SlickMan.

Não acho que te tenha dado a mesma desculpa que todos dão. Cultura não é uma desculpa, é uma coisa que todos temos que cultivar e enriquecer.

Mas percebo perfeitamente o que queres dizer, com as figuras de estilo usadas pelo 3º heterónimo de Fernando Pessoa. Assuntos sem interesse na área das ciências.

Abraço