sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Não é só o Scolari que envergonha o nosso país...

…mas sim todo o nosso Governo.

Não sou religioso, mas sei reconhecer a importância que algumas figuras religiosas têm na nossa sociedade. O Dalai Lama iniciou no dia 12 deste mês uma visita de 5 dias a Portugal, e o nosso Governo para não criar um incidente diplomático com o governo Chinês não o vai receber formalmente. Para remediar a situação montou um autêntico circo mediático que consiste em visitas a museus e instituições e uma série de passeios no jardim. Tudo para que o líder espiritual tibetano possa ser recebido “às escondidas” do governo Chinês. Patético, ridículo e mais um exemplo da falta de coragem que o nosso Governo e principalmente o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros têm. Não se trata de bater o pé a ninguém, mas sim de receber um homem com o qual todos temos muito a aprender. Se o Papa viesse a Portugal, a história seria outra… mas não vou começar a falar como um velho do Restelo.

A explicação (ou a falta dela) de Luís Amado foi a cereja em cima do bolo:
«Oficialmente, o Dalai Lama não é recebido por responsáveis do Governo português, como é óbvio», disse a jornalistas o ministro dos Negócios Estrangeiros português, sem qualquer outra explicação. Para mim é bastante óbvio, mas preferia não o saber, porque desse modo não me sentiria humilhado por ser Português nesta altura.

Alguns factos curiosos:

José Sócrates e 71 empresários fizeram uma visita à China em Fevereiro passado onde foram assinados muitos acordos financeiros, um dos quais o alargamento da quota no Porto de Lisboa para cargueiros provenientes da China.

O Dalai Lama foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 1989 e “luta” pacificamente contra o domínio Chinês no Tibete desde o seu exílio em 1959 na Índia.
A independência do Tibete é declarada em 1912 após séculos de ocupação Chinesa. Esta independência é curta, pois em 1950 o território é novamente invadido, sendo a derrota em 1959 da resistência Tibetana o motivo do exílio do Dalai Lama.

Entre 1987 e 1989 são inúmeras as denúncias de genocídio cultural no Tibete.

O Dalai Lama anuncia em 1995 a chegada do novo Panchen Lama, segundo na hierarquia religiosa do país. A China responde com a chegada do seu próprio Panchen Lama, filho de um membro do Partido Comunista… priceless…

A matemática é simples e qualquer um a pode fazer. Um facto é um dado adquirido e se multiplicarmos o primeiro facto com a soma do segundo, terceiro e quarto obtemos um resultado nada conveniente aos interesses económicos do Governo. Uma tristeza que envergonha este país, durante um Mandato Europeu. Uma prova de como estamos muito atrás de países como a Alemanha, onde a Chanceler Angela Merkel irá receber o líder Tibetano oficialmente apesar dos protestos do Ministro dos Negócios Estrangeiros Chinês.

Se o Dalai Lama não é recebido para não criar um incidente diplomático, qualquer membro do governo Chinês não deveria ser recebido para não criar um incidente moral. Mas esta é apenas a minha opinião.

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